Câmara discute vandalismo contra estátua de Iemanjá e intolerância religiosa

A Câmara Municipal de Natal realizou, na tarde desta quarta-feira, 8, uma audiência pública para discutir os constantes atos de vandalismo praticados contra a estátua de Iemanjá e a situação de intolerância religiosa em Natal. O debate foi uma proposição do mandato da vereadora Natália Bonavides (PT).

A vereadora Natália explicou que o debate foi motivado por vários relatos de invasão a terreiros, de pessoas que foram agredidas por manifestarem sua religião e pelos ataques de vandalismo que acontecem, e que isso simboliza intolerância religiosa com caráter racista. Ela adiantou que o debate serviu para buscar encaminhamentos de combate ao racismo, à intolerância religiosa e ainda de preservação à imagem sacra.

“Nós tiramos uma série de encaminhamentos. Não só sobre estátua, mas também contra o racismo na cidade. Sobre a estátua, vamos buscar o reconhecimento dela como patrimônio cultural de Natal, vamos buscar emendas no orçamento, como a do vereador Fernando Lucena que prevê a restauração dela, e outros encaminhamentos como o Plano Municipal de Combate ao Racismo e a criação de órgãos que atuem nessa pauta”, disse.

Representando o Ôgan do Ilê Olorum, Richardson Carvalho criticou a intolerância religiosa que acontece, segundo ele, de forma velada, em Natal e a ausência da presença do Poder Público para proteger a estátua de Iemanjá e a liberdade religiosa. Na visão dele, existe um discurso de ódio praticado por alguns integrantes de religiões.

“Esses ataques nada mais são do que um ataque social que vigora na sociedade brasileira. Esse preconceito contra as religiões de matriz africana é algo comum. Infelizmente. Não estamos falando só da estátua da nossa mãe Iemanjá, mas também os templos e os corpos dos religiosos. Isso devemos combater. Isso é o que mais nos preocupa. Nós estamos combativamente ativos para combater a intolerância e o preconceito

O professor universitário, antropólogo e pesquisador Luiz Assunção vê com preocupação os constantes ataques à estátua mostram uma ação de vandalismo, mas também preconceituosa e racista

“É importante o debate, porque trás a público uma questão que não é de hoje e que faz parte da história. Não devemos aceitar qualquer prática de tolerância. As pessoas precisa aprender a respeitar qualquer prática de religião. Esses ataques preocupam. Temos várias imagens religiosas, mas só a estátua sofre constantes ataques, que são ataques revestidos de preconceito e racismo”, observou.

Tombamento

Mesmo se tratando de uma das imagens religiosas mais conhecidas de Natal, a imagem não é tombada. O diretor do Departamento de Patrimônio Cultural da Fundação Capitania das Artes (Funcarte), Hélio Oliveira, recomendou aos membros e praticantes de religiões de matriz africana a buscarem o tombamento da estátua, porque hoje ela integra um espaço considerado como praça pública. Com tombamento, a imagem passa a ter um critério a mais de segurança.

“Enquanto patrimônio, mesmo não sendo formalmente tombado, todos nós temos uma responsabilidade com a estátua, mas não é competência da Funcarte realizar essa proteção. Seria se ela fosse tombada oficialmente. Qualquer cidadão pode pedir o tombamento de um bem cultural. mas para que seja efetivado o tombamento é necessário um dossiê completo com estudos históricos, iconográfico, estético e artístico com vários registros, para que a Funcarte possa encaminhar para o Conselho de Cultura, que é quem vai dar o aval final. A partir do tombamento, a imagem teria um elemento a mais de proteção”, explicou. Via Na Ficha da Polícia RN https://ift.tt/2pFbs82

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