Laudo da PF diz que obras da Petrobras abasteceram caixa 2 da Odebrecht

Entrada do sítio Santa Barbara, apontado como pertence ao ex-presidente Lula por vizinhos – Edilson Dantas / Agência O Globo

 

Um laudo da Polícia Federal (PF) juntado ao processo do sítio de Atibaia na tarde desta quarta-feira diz que o caixa 2 da Odebrecht foi abastecido com dinheiro de obras da Petrobras e do projeto Aquapolo — destinada ao tratamento de esgoto na região do ABC paulista. O documento reforça as acusações do delator da empreiteira, Emyr Costa Junior, que afirmou que R$ 700 mil foram debitados do centro de custo do Aquapolo para bancar a reforma do sítio de Atibaia, atribuído ao ex-presidente Lula. A defesa do petista diz que o laudo não tem nenhuma relação com o sítio e nega qualquer crime.

Em sua delação, Costa Júnior apresentou uma planilha em que relacionava os valores usados no sítio ao projeto Aquapolo. O Ministério Público Federal (MPF) pediu, então, que peritos analisassem movimentações de dinheiro relacionadas ao Setor de Operações Estruturadas, o departamento de propina da Odebrecht. Para os procuradores, duas saídas do caixa 2 da empreiteira — de R$ 300 mil e R$ 400 mil — foram usadas para pagar o sítio.

O laudo anexado ao processo nesta quarta-feira constatou que esses valores realmente saíram do departamento de propina da Odebrecht. No entanto, não deixa claro se ele foi repassado diretamente para a reforma do sítio. Os peritos dizem apenas que as saídas teriam sido feitas em Salvador.

A análise também confirmou que há quatro movimentações financeiras que somam R$ 700 mil que abastacem o Setor de Operações Estruturadas. O dinheiro, segundo a PF, teria origem em obras feitas no Brasil e no exterior pela Odebrecht, além de contratos firmados com a Petrobras.

O trabalho dos peritos não encontrou qualquer referência ao nome do sítio nos documentos e nos lançamentos dos valores relacionados à obra.

“Não foram encontradas, no contexto da ação penal, até a data de emissão deste laudo, nas pesquisas efetuadas no material examinado documentos ou lançamentos que façam referências a termos tais como Atiabaia ou sítio”, diz o documento.

Esta é a terceira ação penal que o petista responde na Operação Lava-Jato de Curitiba, onde ele já foi condenado no caso do tríplex de Guarujá e cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão na superintendência da PF.

O ex-presidente é acusado de ter sido beneficiado por reformas no sítio, feitas pelas empreiteiras Odebrecht, OAS e pelo pecuarista José Carlos Bumlai, avaliadas em R$ 1,05 milhão.

O laudo tem como base uma análise feita nos sistemas Drousys e Mywebday, onde funcionários da Odebrecht registravam pagamentos da contabilidade de paralela da empresa.

Em resposta a questionamentos de Moro, da defesa de Lula e da acusação, feita pelo Ministério Público Federal (MPF), os peritos informam que as informações extraídas dos sistemas financeiros da Odebrecht são íntegras e confiáveis. No entanto, fazem a ressalva de que os dados não abrangem todo o período de funcionamento do sistema que vigorou até 2015, sendo possível analisar as informações entre 2 de janeiro de 2006 e 10 de abril de 2012.

O GLOBO

 



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