Vinte corpos que caem: como o salto para a morte na Ponte de Todos poderia ser evitado
por Dinarte Assunção

Vista do alto da ponte, feita pelo fotógrafo Ney Douglas.
Agentes da Guarda Municipal de Natal conseguiram abortar uma tentativa de suicídio na noite dessa segunda-feira na Ponte Newton Navarro. Foi um desfecho diferente das, pelo menos, 20 pessoas que concretizaram a intenção de deixar a vida saltando para a morte no rio Potengi desde 21 de novembro de 2007, quando a ponte foi liberada para o trânsito.
Atenção ao emprego de “pelo menos” porque os números foram catalogados pela reportagem em levantamento de notícias policiais. Não há estatística oficial sobre o assunto.
Como há um tabu em falar sobre o assunto, as estatísticas podem ser elevadas. Mas precisamos falar sobre o suicídio, especialmente sobre as responsabilidades determinadas judicialmente sobre a matéria.
Em 2013, uma decisão da Fazenda Pública de Natal determinou a construção de uma tela de proteção para segurança dos pedestres.
O texto não fala em suicídio, mas deixa claro que a intenção é evitar que haja risco para as pessoas que tentam se projetar da ponte para o rio. O equipamento nunca foi implantado e seria determinante para evitar o uso da ponte para quem pensa em abreviar a própria vida.
Um caso emblemático é a famosa Golden Gate, em São Francisco, no oeste dos Estados Unidos. Desde que foi inaugurada em 1937, acumula 1,4 mil suicídios. Para frear os números, especialistas conceberam uma rede de proteção.
Em Natal, os suicidas que se atiraram da Ponte de Todos se lançaram de uma altura de 55 metros. Ao tocar a superfície da água, uma pessoa que pese 75 kg, estará a mais de 200 km/hora. É improvável que sobreviva ao impacto.
Num geral, as mortes estão associadas a questões passionais. Para o levantamento desta reportagem, a busca de notícias retornou casos de pessoas que estavam em desilusão amorosa, dificuldades financeiras ou com quadro depressão.
O período em que mais houve mortes foi em 2015, quando quatro pessoas se mataram, sendo três delas no mês de janeiro.
Suicídio não tem graça e suas causas têm tratamento. Para o levantamento desta matéria, um dos registros narrava que motoristas estimularam o fotógrafo Ney Douglas a pular da ponte enquanto ele fazia imagens no local – a foto dessa reportagem é de autoria dele. Incitar suícidio é crime previsto em lei, com pena de até seis anos de prisão.
Quem atravessa dificuldades psicológicas, pode procurar o Centro de Valorização da Vida (CVV), através do 188 ou do (84) 3221-4111
Os números
O levantamento considera o período de 12 meses a partir de 21 de novembro de 2007.
2007 – 2008: 1
2008 – 2009: 2
2009 – 2010: 1
2010 – 2011: duas tentativas abortadas
2011 – 2012: 2
2012 – 2013: 2
2013 -2014: 1
2014 – 2015: 4
2015 -2016: 2
2016 -2017: 3
2017 – 2018: 2
source https://www.blogdobg.com.br/vinte-corpos-que-caem-os-saltos-mortais-de-quem-se-jogou-para-a-morte-na-ponte-de-todos/
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