Enquanto presidente pregava fim de isolamento, COVID19 faz mais uma vítima no RN

Parafraseando José Sarney: a política, economia e tudo que existe, hoje, relacionada aos humanos, depende das pessoas (grifo meu). Parece até óbvio, porém, em algumas pessoas passa a idéia de que realmente a economia pode ser superior a mortes ou sofrimento do Coronavírus. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro pregava o fim do isolamento, ou mudança para um possível isolamento vertical, mais um jovem morre vítima de COVID 19 mas será que a culpa é só do presidente? vejamos. 

Imagem: Live do presidente
Matheus Aciole, de 23 anos, morreu no final da tarde de ontem (31) vítima de parada cardiorespiratória como consequência de complicações do coronavírus. Segundo informações do blog do Willen Moura (Saúde) logo após a Secretaria de Saúde do estado do RN confirmar a causa por COVID19, o Hospital Antônio Prudente, onde o jovem estava internado emitiu uma nota ao Diário Potiguar explicando como se desenrolaram os fatos até o fenecimento.

Os últimos dias de Matheus
De acordo com a Sesap/RN o jovem procurou um hospital particular no dia 24 onde foi medicado e orientado a ir para casa para tratamento com fármacos receitados e isolamento, no entanto, depois de 2 dias de isolamento e observando que o quadro de saúde não melhorava e diante da suspeita, procurou um serviço público para realizar o teste de COVID19 e foi regulado para retornar ao Hospital particular, onde deu entrada 
no dia 27/03. Neste mesmo dia, apresentou piora do quadro respiratório e foi entubado, além de medicado. Mas, apesar da infraestrutura disponibilizada, recursos e atenção, o jovem evoluiu para parada cardiorrespiratória na tarde de hoje (31). A equipe lutou para reanimá-lo por 40 minutos, mas não teve sucesso. 

O Hospital, via nota, mencionou que o óbito trouxe uma enorme tristeza para toda equipe médica e administrativa da unidade. 

De quem é a culpa afinal

Se formos procurar um culpado para o desastre que está sendo a condução da pandemia do Coronavìrus no Brasil acredito que poderíamos citar muita gente além do presidente Jair Bolsonaro e, sem dúvidas, a imprensa é a parte que menos tem culpa, afinal é dever do jornalista informar e ser um defensor da verdade em benefício da coletividade.

A cultura brasileira, do "jeitinho", é um dos possíveis e fortes motivos para estarmos nos desentendendo em diversas esferas, somado a isso a classe política está sendo o que ela sempre foi, política. Cada um cuidando de seu próprio nariz e esquecendo dos cidadãos. Cada um buscando seu interesse político e próprio e esquecendo das diversas mortes e casos confirmados. 

Começou tarde

Vale salientar que pesa muito para o presidente do Brasil haja visto que é o cargo maior e em comparação com outros países como Uruguai, Bolívia, Argentina, Peru, Chile, por exemplo, aqui a estratégia de contenção do vírus começou tarde. Para se ter uma idéia a Bolívia, representada pela presidente constitucional Jeanine Áñez, tal logo soube do primeiro caso e da confirmação de pandemia pela OMS, suspendeu aulas de todos os níveis, estabeleceu quarentena e instituiu até rodízio de saída pelo número da identidade, por esse motivo, suponhamos, a curva de contágio está quase estacionada e o número de mortes ainda é pequeno em relação a outros países.

Esses dados nos leva a confirmar que a recomendação para ficar em casa, em isolamento, pode não ser tão exagerao assim, afinal se a Bolívia mantem ainda bons números, o Brasil poderia, em teoria, manter na sua proporção, o que não está acontecendo.

Em contrapartida o Brasil, nessa mesma época de início do número de casos confirmados, não realizou controle em grandes aeroportos, como Guarulhos, Congonhas, como pudemos registrar por nossos jornalistas e "tardou" para iniciar tais medidas. 

A sensação que se tem é que nosso país está perdendo o controle e nessa parte volta a entrar a responsabilidade do mandatário Bolsonaro, que recentemente protagonizou alguns desentendimentos com o Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, chegando inclusive a insinuar que o mesmo não deveria realizar mais coletivas, no entando, essa problemática veio da discrepância entre os discursos onde Mandetta defendia o isolamento e Bolsonaro a Economia. Mais tarde, Bolsonaro deixou a entender que na verdade teria sido incompreendido e atacou a imprensa.

Em suma, o Brasil está vivendo um momento novo e com demandas que jamais existiram na nossa história e para novas situaçãoes, novas atidudes. Acontece que se está tentando resolver problemas novos com atitudes antigas de disputas entre o Executivo, judiciário, esquerda, direita, políticos em geral, religião etc e está faltando bom senso e vontade de união. Estamos cheios de humanos, mas com pouca humanidade. 

Enquanto há disputas para saber quem manda mais ou quem é mais especialista no problema, pessoas estão morrendo, a economia está agonizando e a população a cada dia ficando mais sujeita ao estado. 

Se formos procurar culpados, seria nossa história e nossa cultura que se une no futebol, no BBB, mas se desune quando é para unir.  

Opinião | Diário Potiguar 


source http://www.diariopotiguar.com.br/2020/04/enquanto-presidente-pregava-fim-de_1.html

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