Moradores de João Câmara temem tremores de terra como os da década de 80

Os moradores do município de  João Câmara, localizado no Agreste do estado, tiveram um final de semana fora do comum com os tremores que começaram na última sexta-feira (06). Em um intervalo de dois dias, o município sentiu mais de 60 abalos sísmicos, segundo o Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Labsis/UFRN). Com isso, domina nas conversas dos moradores o medo de presenciar um outro tremor como o que aconteceu há mais de 30 anos em que a cidade foi devastada.

Enquanto alguns residentes estão mais despreocupados outros temem reviver o que aconteceu em 1986, ano em que foi registrado o tremor de magnitude 5.2 na escala Ritcher. Eliane Joaquim era criança quando a cidade viveu o desastre em que milhares de casas destruídas e centenas de famílias fizeram êxodo para cidades próximas.

Eliane Joaquim se lembra do terremoto de 1986 e contou que está preocupada em reviver tudo aquilo. O trauma marcou a vida da mulher e agora ela tem medo de ser vítima de algum acidente ou que algo aconteça à casa dela.

Raimundo Nunes é mototaxista na cidade e contou que o último abalo, registrado na madrugada de sábado (8), foi “forte mesmo” e o deixou preocupado. O tremor aconteceu precisamente às 3h34 e por isso muita gente estava dormindo e não conseguiu sentir, foi o caso de Francisco Canindé, outro mototaxista. “Graças a Deus eu estava dormindo não senti nada”, declarou.

João Câmara fica a 81 quilômetros de Natal e tem um histórico de abalos sísmicos. O primeiro tremor foi registrado às 0h35 da última sexta-feira (6) com magnitude de 2.8 na escala Ritcher. Além de João Câmara, outras cidades que estão localizadas em um raio de aproximadamente 35 quilômetros sentiram levemente os tremores como Poço Branco, Parazinho, Taipu e Bento Fernandes.

A tragédia de 1986

Na década de 1980 o município de João Câmara sofreu a mais longa e agressiva série de abalos sísmicos conhecida no Brasil. A terra tremeu intermitentemente por cerca de sete anos e nesse período foram registrados mais de 50 mil eventos, centenas deles perceptíveis aos moradores. Os tremores danificaram milhares de construções, desabrigaram mais de 20 mil pessoas e provocaram o êxodo para os municípios vizinhos.

Em 30 de novembro de 1986, a cidade registrou um tremor de 5.2 na escala Richter. Logo após o evento, centenas de moradores deixaram a cidade com medo de um segundo tremor tão intenso quanto. De acordo com os registros do Laboratório de Sismologia da UFRN, os tremores danificaram milhares de construções e desabrigaram mais de 10 mil famílias.

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